
Como você eterniza as experiências mais marcantes de sua vida?
Um quadro, uma fotografia, uma anotação no diário?
Ou… uma tatuagem?
Essa foi a escolha feita pela professora Larissa da Silva Rodrigues, natural de Monte Carmelo (MG). Ela queria registrar na própria pele sua estreia como professora na oficina de reforço escolar do Programa Transforma, realizado pelo Instituto Algar, em parceria com a Alicerce.
A ideia surgiu assim que ela assumiu sozinha sua primeira turma na Estação Vida, em Uberlândia.
“Minhas tatuagens são marcas de momentos e histórias que fazem sentido para mim. Fazia tempo que queria representar minha estreia em sala de aula, sendo responsável por uma turminha”.
Aí, ela refletiu... pensou… pensou…
Até que um dia, um grupo de quatro meninos, que atuavam como uma espécie de assessoria da professora, pediu o telefone celular dela para fazer uma selfie. Eles eram os braços direito e esquerdo da Larissa em sala de aula. Ajudavam com a turma, organizavam atividades, lideravam os colegas.

Quando ela viu a foto, a tatuagem estava criada! Daí foi só definir o traço, falar com o tatuador e pronto!
E os outros alunos e alunas da turma? Pensa que ficaram com ciúmes? De jeito nenhum, ela conta. Como não era possível tatuar todo mundo, eles e elas foram representados por um pequeno tornado.
“Eu costumava dizer que eles eram um tornadinho em minha vida. Chegaram para revirar tudo! Eles me ajudaram a me transformar em professora enquanto eu os ajudava com as dificuldades escolares”.
Programa Transforma
Larissa faz parte da equipe da Alicerce Educação, empresa parceira do Instituto Algar que oferece aulas de reforço no contraturno escolar. São desenvolvidas várias formações, com aulas de português, matemática e outras disciplinas onde as crianças e adolescentes tenham maior dificuldade. Também são oferecidas atividades que estimulam a criatividade, a curiosidade e a busca pelo aprendizado constante.

As atividades são realizadas em Organizações Sociais parceiras do Instituto Algar e as aulas acontecem três vezes por semana, sempre no contraturno escolar. Os responsáveis pelas turmas acompanham os alunos tanto nas disciplinas escolares quanto no desenvolvimento de competências específicas, como comunicação e relacionamento interpessoal.
Estreia na educação
A primeira experiência da Larissa como professora ficou tatuada no braço, mas também marcou seu ingresso no mercado de trabalho. Ela concluiu o curso de História na Universidade Federal de Uberlândia em 2023 e agora se prepara para fazer mestrado na mesma instituição.
“Antes desse programa do Instituto Algar, eu não sabia que existia outra maneira de aprender e ensinar. Achava que ia reproduzir o modelo de práticas educativas com as quais convivi na escola e na universidade. Mas aqui é diferente. As metodologias auxiliam os alunos e a gente vê as diferenças no dia a dia”
Ela também fala sobre a importância da educação para os jovens que participam do programa: aqui, o foco não está no diploma ou na conclusão das etapas, mas em ajudar esses jovens a realizarem seus sonhos. “O que você quer fazer no futuro? É isso que vamos trabalhar juntos. Alguns querem ser jogadores de futebol, outras sonham em ser médicas ou artistas. Todas e todos entendem o valor da educação para chegar nesse lugar que procuram”, diz a professora.
Entre as muitas histórias que marcaram a Larissa, uma delas é de um menino arredio e desconfiado que ela conheceu em 2023. Ele não interagia com os colegas, não conversava, tinha vergonha das suas dificuldades em ler e escrever. Com o tempo, superou suas próprias dificuldades e passou a ter gosto em escrever e em contar histórias. “Ele gostava demais de ler para os colegas, deixando de lado a timidez. Todo mundo queria ouvir a leitura dele, porque eram histórias criativas e interessantes. A turma toda acompanhou essa transformação e foi muito especial”, lembra Larissa.
Professora que se transforma

A participação no programa social Transforma, do Instituto Algar, fez com que a estreia da Larissa como professora acontecesse de uma forma diferente. A imagem que ela tinha de sala de aula era a mesma que ela sempre viveu, desde seu próprio tempo de escola. Essa visão mudou quando ela começou a trabalhar com o Alicerce.
Larissa percebeu as inúmeras possibilidades de ajudar crianças e adolescentes, de diferentes faixas etárias, a recuperarem os conhecimentos e aprendizados que não conseguiram na escola regular.
“Tem meninos e meninas que chegam aqui com vergonha porque não conseguiram aprender no tempo certo. Mas eles evoluem e saem com um bom aproveitamento”, comenta. “Cabe a nós, como educadores, contribuir nessa caminhada, mostrar que todos e todas podem sonhar e realizar seus sonhos. A educação é fundamental para isso”.
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