De oficinas culturais a novos futuros
- Instituto Algar
- 16 de set.
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O legado do Cesag no Programa Transforma do Instituto Algar
No início dos anos 2000, as atividades do Programa Transforma, oferecidas pelo Instituto Algar, aconteceram na sede do Cesag, o antigo Centro Esportivo e Social Alexandrino Garcia, no bairro Alvorada, em Uberlândia. O clube – que durante décadas atendeu aos associados do Grupo Algar – foi desativado alguns anos antes e acabou cedido para a realização das atividades culturais e de formação do Instituto. Lá, foram realizadas oficinas de teatro, cinema, música, literatura, audiovisual e várias outras modalidades que envolviam arte e cultura.

O Cesag funcionou até 2022 como uma espécie de sede própria do Programa Transforma, que já trabalhava em parceria com escolas e organizações da sociedade civil para a oferta de atividades criativas no contraturno escolar. Na época, o espaço foi reformado e passou a ser usado tanto pelo Instituto quanto pela Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel), que passou a oferecer atividades esportivas.
Ana Carolina Ferreira, atual diretora da Partilha, uma das assessorias parceiras do Instituto Algar, lembra que o Cesag passou a ser utilizado por volta de 2006 ou 2007. Pouco depois, em 2009, foi construído um novo prédio com salas de aula. Na época, o número de atendimentos saltou de 50 para 300 crianças e adolescentes por ano.
“Foi muito importante a gente oferecer as atividades dentro do território onde esses jovens viviam, estudavam, trabalhavam. Mais perto de casa, os pais ficaram mais tranquilos, o acesso foi facilitado, sem custo para as famílias. A faixa etária do público era de 6 a 14 anos. Muitos jovens participaram durante vários anos e desenvolveram múltiplas habilidades”. Ana Carolina Ferreira - Partilha
Oferecer o melhor aos filhos
Para Juliana Soares Martins, professora que matriculou os filhos no Programa Transforma, a estrutura do Cesag oferecia segurança e proximidade, o que facilitava a participação, mesmo quando ela não podia acompanhar a filha.
Gabriela Martins começou a frequentar as oficinas aos 9 anos, passando por atividades de literatura e teatro, além de integrar o programa de menor aprendiz. Hoje, trabalha na Algar, em Brasília.

“Meu objetivo era evitar que minha filha ficasse na rua e garantir que ela desenvolvesse habilidades para a vida. Lembro de uma apresentação no Teatro Rondon Pacheco: mandei entregar flores, foi muito emocionante. O Alvorada Cultural também foi marcante para quem teve o prazer de participar”, conta Juliana.
A professora matriculou também seu outro filho, que acabou por não se identificar com o programa. Ela explica que seu objetivo era oferecer atividades culturais e de formação para preparar os filhos para um futuro melhor.
Do audiovisual para as finanças
Adélia Maria de Paula começou a frequentar o Cesag aos 11 anos, no contraturno escolar. Participou de diferentes oficinas, destacando-se a de audiovisual. Também integrou o programa de jovem aprendiz, passou pelo Instituto Algar e hoje atua na área financeira de uma produtora de vídeo.

“O Cesag oferecia um espaço amplo e multifuncional, a gente convivia com crianças e adolescentes de várias escolas e os professores eram muito diferenciados. Os projetos sociais fazem a diferença na vida da gente. O Instituto Algar para mim foi uma verdadeira escola”, conta Adélia, que hoje segue carreira na área financeira.
Enquanto ainda estava no Transforma, Adélia se identificou muito com as atividades ligadas à produção de vídeo. “A gente produzia filmes, aprendia como contar uma história. Hoje trabalho com finanças em uma produtora de vídeo. Parte de minha visão de mercado foi construída a partir das experiências que vivi no Cesag”, encerra.
Um espaço que transformava as crianças
Antes do Cesag, as atividades do Programa Transforma aconteciam nas escolas e instituições parceiras. Com a mudança, crianças e adolescentes de diferentes lugares se encontravam e participavam juntas das oficinas. Para Ioleides Cabral, mais conhecida como Ioiô, o espaço favorecia o desenvolvimento integral das crianças e jovens. “Tínhamos o espaço físico, mas muitas atividades aconteciam ao ar livre, era um lugar cheio de arte e criatividade”, lembra.

Os educadores procuravam explorar todo o potencial do lugar. As oficinas eram no contraturno escolar e havia um ônibus que buscava e deixava as crianças. Cada uma durava cerca de duas horas, com instrutores que se integravam ao espaço para oferecer uma experiência única. “A gente via as crianças e jovens tocando, escrevendo, fazendo filmes, tudo no mesmo espaço. Havia uma energia muito boa naquele lugar”, segundo Ioiô.
Em 2020, quando veio a pandemia, após um tempo de adaptação, as atividades passaram a ser oferecidas remotamente e isso permitiu que jovens de todo o país participassem. Segundo Ioiô, isso abriu novas perspectivas para o programa, que ampliou bastante seu alcance. Em 2022, quando as atividades já haviam retomado o formato presencial, não foi mais possível utilizar o espaço e as oficinas voltaram a ser oferecidas em escolas e instituições.
“Era muito bom ver as crianças se desenvolverem, se apoderarem de seus talentos, interagirem para criar literatura, teatro, música. O espaço era favorável ao desenvolvimento humano. Muitas pessoas ali criaram vínculos para a vida toda”. Ioleides Cabral