Um amor à primeira vista que já dura muitos anos. É dessa maneira que a educadora Valéria Silva explica a relação que existe entre o projeto WimBelemDon , sediado em Porto Alegre (RS) e o programa Talentos de Futuro, do Instituto Algar.
O namoro começou por volta de 2018, durante um encontro de organizações sociais que aconteceu em São Paulo. Lá, durante uma apresentação dos projetos sociais desenvolvidos pela Algar, literalmente “deu match” com os atributos da organização gaúcha: empatia, perseverança, honestidade, generosidade, amor, autoaceitação, entre outros.
Marcelo Ruschel e Luciane Barcelos, fundadores do projeto, estavam naquele encontro na capital paulista, onde teve início a parceria com o Instituto. A primeira turma do Talentos de Futuro na WimBelemDon aconteceu em 2019. De lá para cá, uma nova turma é aberta todos os anos.
Winbledon + Belém Novo
Se você chegou até aqui deve estar se perguntando: será que esse redator ou redatora escreveu errado esse nome? Foi de propósito ou erro de digitação? Parece, né?
Mas é assim mesmo que é chamada essa instituição social, que começou suas atividades em 2000, a partir da reforma de uma quadra de tênis no bairro Belém Novo, região do extremo sul da cidade de Porto Alegre.
A ideia original era oferecer aulas de tênis no contraturno escolar, para as crianças que viviam naquela região, em situação de vulnerabilidade.
Para quem acompanha o mundo do tênis, o nome Winblendon soa familiar. É um dos torneios mais disputados internacionalmente, sediado em Londres. O bairro onde havia uma quadra de tênis esperando para ser usada era o Belém Novo. Aí foi só misturar as palavras e nasceu o WimBelemDon, originalmente, com aulas de tênis e de leitura.
A história do projeto social começou devagar, com a limpeza da quadra e o início das aulas de tênis. Depois, vieram as atividades de leitura. Não havia estrutura nenhuma, mas os fundadores e os primeiros voluntários conseguiram recursos e foram melhorando o lugar. Construíram banheiros e depois uma sala multiuso.
Rolando Arroz
Criatividade e vontade de transformar a realidade não faltavam! As ações para arrecadar fundos, integrar os participantes e comemorar conquistas, eram todas batizadas com nomes que remetem aos torneios de tênis.
Tem o US Sopa, referência ao US Open. Tem o Rolando Arroz, que integra os beneficiados e beneficiadas, referência ao torneio Roland Garros. Tem o As Traia Open, onde foram vendidos itens doados pela Receita Federal. Referência ao Austrália Open.
No WimBelemDon, sempre há motivo para jogos de palavras e brincadeiras, mas o trabalho é sério.
Estrutura e atendimento
Atualmente, o projeto WimBelemDon atende crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos, com aulas de tênis e oficinas de leitura, raciocínio lógico, linguagens e outros conteúdos. A ideia, de acordo com a educadora Valéria, não é reforçar o conteúdo escolar, mas oferecer a oportunidade para que as pessoas desenvolvam o senso crítico.
“Temos uma sessão de cinema, onde assistimos aos filmes e conversamos. Temos o laboratório de aprendizagem, que os alunos e alunas usam para fazer experiências e desenvolver seus interesses.”
Formação para o futuro
Junto com o Instituto Algar, o WimBelemDon promove as turmas do Talentos de Futuro. Anualmente, é oferecida uma turma para cerca de dez adolescentes que desenvolvem diferentes habilidades, dentro dos eixos que fazem parte da metodologia.
Valéria conta que, normalmente, o eixo da comunicação é uma virada de chave e que tem muitas histórias bonitas.
Uma delas era de um adolescente que conversava imitando vozes parecidas com desenhos animados. Ele fazia isso o tempo todo e ninguém sabia por quê. No Talentos de Futuro, ele encontrou a própria voz. Melhorou sua comunicação e foi o orador da turma. A mudança foi tão grande que ele impressionou todo mundo.
Talentos que formam novos talentos
Muitos ex-participantes do Talentos de Futuro já chegaram ao mercado de trabalho e alguns deles se tornaram professores de tênis em clubes de Porto Alegre. Houve inclusive quem voltasse para dar aulas na própria instituição.
“Isso deixa a gente muito feliz. Nossos alunos e alunas podem seguir o caminho que quiserem e tem quem queira continuar com a gente, ensinando e inspirando outras crianças.”
A história da WimBelemDon começou com o trabalho voluntário do fotógrafo Marcelo Rushel, que durante algum tempo registrou os jogos do tenista Guga. A inspiração para criar o projeto nasceu da vontade de ensinar o esporte para crianças e de um projeto similar realizado nos Estados Unidos.
Ao longo dos anos, as dificuldades foram muitas. Captação de recursos, busca de parceiros, profissionalização, um incêndio e, mais recentemente, uma enchente, que não afetou diretamente a instituição, mas atingiu alguns de seus profissionais, alunos e voluntários. Apesar de todos os desafios, o projeto segue firme e forte, transformando a vida das pessoas do bairro Belém Novo, no extremo sul da capital gaúcha.
Após as enchentes, trabalho em rede para o bem comum
Entre abril e maio de 2024, o Rio Grande do Sul foi afetado por uma grande enchente que devastou cidades e deixou um grande número de famílias desabrigadas. Desde o primeiro momento, o Instituto Algar se mobilizou, com foco no apoio aos associados gaúchos e às suas famílias.
A partir de 1º de julho, em parceria com a plataforma de telessaúde, MediQuo, passou a oferecer atendimentos gratuitos com especialistas de saúde às famílias atendidas pela Instituição WimBelemDon. O serviço atende também animais de estimação, com veterinários.
A plataforma foi disponibilizada pelo período de 90 dias, com o apoio de profissionais voluntários de todo o país. O acesso é gratuito e disponibilizado para 75 famílias. O Instituto Algar defende o trabalho em rede, onde várias instituições se unem em torno de objetivos comuns.
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